quinta-feira, 4 de novembro de 2021

O que fazes aqui?

Pensei que te havia dito adeus,
um adeus definitivo, ao deitar-me
quando pude finalmente fechar os meus olhos
e esquecer-me de ti e das tuas artimanhas
de tua insistência, de tua baba ruim,
da tua capacidade de me anular.
Pensei que te havia dito adeus
para todo o sempre, e acordo
e encontro-te novamente junto a mim,
dentro de mim, envolvendo-me, ao meu lado,
invadindo-me, sufocando-me, diante
dos meus olhos, na minha vida
à minha sombra, nas minhas entranhas,
em cada pulso do meu sangue, entrando
pelo meu nariz quando eu respiro, espreitando 
pelas minhas pupilas, ateando fogo
nas palavras que a minha boca diz.
E agora, o que faço? Como poderia
banir-te de mim ou acostumar-me
a viver contigo? Comecemos
por demonstrar maneiras impecáveis.
Bom dia, tristeza.

Amalia Bautista


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