quinta-feira, 19 de setembro de 2024

Poema X

Deito fora cavalo, pó, e fumo,
e juro não comer, nem ser, ou ter
outro suor de gente no meu ventre
por cem dias ao menos; ou seja, enquanto
a voz me ouvir, no fax das alturas.
Bem sabeis que não sei amar ninguém
e trago a boca cheia de mãos turvas
e me esqueci do nome de princesa;
que nada do que sou me sabe a certo
nem mesmo a errado, injusto ou justo;
e nunca saberei teologia,
astrologia, física celeste,
o bastante que explique o nascimento
a profusão das árvores e gente
que diz bom-dia quando a gente passa
e, indiferente, segue em frente.

António Franco Alexandre


Sem comentários:

Enviar um comentário

Invictus

Out of the night that covers me, Black as the pit from pole to pole, I thank whatever gods may be For my unconquerable soul. In ...