domingo, 26 de outubro de 2025

Na casa antiga, cada um de nós levava


Na casa antiga, cada um de nós levava
consigo um candeeiro, com que arrastava
o seu duplo de penumbra e de sombra.
A chama do petróleo ardia junto à boca,
podíamos devorar a própria luz.
Chamas nos queimavam as entranhas
e em archotes vivos nos tornaram,
vagueando por corredores e por escadas
atrás do Outro, que nada nos dizia.

Fiama Hasse Pais Brandão



Sem comentários:

Enviar um comentário

Com unhas e dentes

Estar vivo é abrir uma gaveta na cozinha, tirar uma faca de cabo preto, descascar uma laranja. Viver é outra coisa: deixas a gaveta fechada ...