segunda-feira, 30 de novembro de 2020

Nada sabemos

Nunca saberemos se os enganados
são os sentidos ou os sentimentos,
se viaja o comboio ou a nossa ânsia,
se as cidades mudam de lugar
ou se todas as casas são a mesma.
Nunca saberemos se quem nos espera
é quem deve esperar-nos, nem sequer
quem temos de esperar no meio de uma
plataforma fria. Nada sabemos.
Avançamos às cegas, perguntando
se isto que se parece com a alegria
é apenas o sinal inequívoco
de que nos enganamos novamente.

Amalia Bautista
(Trad. de Inês Dias)


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