Para escolher em que combate combater
Quem condeno eu à vida, quem condeno eu à morte
Que me podes tu dizer...?
Encostado à árvore do tempo
Folhas vivas, folhas mortas, estações
Nada disto faz sentido
E o sentido do sentido não paga as refeições
Folhas vivas, folhas mortas, estações
Nada disto faz sentido
E o sentido do sentido não paga as refeições
Este torpor só tem uma solução
Sejamos deuses, é meter as mãos à obra
E, no fazendo, acontecendo
Deixar ir o coração, que é o que nos sobra
Sejamos deuses, é meter as mãos à obra
E, no fazendo, acontecendo
Deixar ir o coração, que é o que nos sobra
Ao fazer-se o mundo nasce de si próprio
Ser avô é uma alegria atravessada
Dá para rir e para chorar, não temos nada com isso
Mas nada não é nada
Ser avô é uma alegria atravessada
Dá para rir e para chorar, não temos nada com isso
Mas nada não é nada
Disseste um dia que tudo vale a pena
Tornar as almas mais pequenas é que não
Vamos sobre duas patas, juntar as partes da antena
Espalhadas pelo chão
Vamos sobre duas patas, juntar as partes da antena
Espalhadas pelo chão
Fecha a porta, que vem frio lá de fora
Diz o coxo ao despernado,
E eu aqui
Diz o coxo ao despernado,
E eu aqui
Fui à procura de mim
Encontrei-me mesmo agora
Encontrei-me mesmo agora
E ainda não fugi
O tempo corre por entre pívias e manhas
E tudo fica cada vez mais como está
Mas, ao correr desta pena, não fico à espera que venhas
Eu já sou o que virá
Eu já sou o que virá
E tudo fica cada vez mais como está
Mas, ao correr desta pena, não fico à espera que venhas
Eu já sou o que virá
Eu já sou o que virá
José Mário Branco
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