terça-feira, 27 de novembro de 2018

Amor como em casa

Regresso devagar ao teu
sorriso como quem volta a casa. Faço de conta que
não é nada comigo. Distraído percorro
o caminho familiar da saudade,
pequeninas coisas me prendem,
uma tarde num café, um livro. Devagar
te amo e às vezes depressa,
meu amor, e às vezes faço coisas que não devo,
regresso devagar a tua casa,
compro um livro, entro no
amor como em casa.

Manuel António Pina


1 comentário:

  1. Quantas vezes te esperei à porta como se fosse entrar em casa. E como me senti em casa. Até depois de sair, quando passo a passo crescia algo de escuro e absurdamente insuportável, e crescia a cada segundo e a cada passo. Como se no dia seguinte acabasse o mundo, porque tudo o que foi iniciado ficou por acabar. Porque sair era como não ficar, podia ser para sempre.
    P.

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