sábado, 16 de janeiro de 2021

Sorrio aos mortos e enterro os vivos

Sorrio aos mortos e enterro os vivos
como um objecto escuro
por que rodaram mãos e jeitos de luz?
Vivo como se não estivesse aqui
roupa leve como na vida.
E vou da primeira à última batida
na respiração de um pulmão doido.

Lê assim

podia arder a uma pouca distância de ti
nessa praceta que é um poema teu
e as coisas voltariam a mim, meras,
como o ser transportada pelos dias
mas cairei por aqui.

Meu amor

Porta no trinco e nada nas mãos.
Há muito que é tudo o que resta.

Raquel Nobre Guerra

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